Recentemente, as empresas portuguesas ficaram a conhecer um
pouco melhor as regras de funcionamento do Programa 2020 e os apoios
comunitários que estarão em vigor entre 2014 e 2020.
É, provavelmente, o último pacote financeiro, de vinte e
cinco mil milhões de euros, que Portugal receberá e possibilitará às empresas
nacionais a apresentação de projetos que lhes tragam mais competitividade e
alavanquem estratégias de internacionalização. Nos quatro eixos prioritários -
competitividade e internacionalização, capital humano, inclusão social e
emprego, sustentabilidade e eficiência no uso dos recursos - muitas são as
áreas onde os transportes terão a oportunidade de implementar estratégias que
lhes tragam maior sustentabilidade, robustez e capacidade de desenvolver o seu
negócio.
No entanto, a história recente mostra que a utilização e
recurso aos fundos europeus pelo setor dos transportes, em particular ao QREN,
ficou muito longe de ser considerada um sucesso. Bem antes pelo contrário.
O caso do setor dos transportes rodoviários de mercadorias é
um bom exemplo do enorme e rotundo falhanço evidenciado pelas 67 candidaturas
apresentadas, num universo de mais de sete mil empresas.
Algo correu mal. Muito mal, mesmo! Porque terá falhado o
programa? Quais as razões da fraca adesão? Certamente existirão um sem número
de razões e fatores que contribuíram para tão fraco desempenho. Certamente que as
exigências dos requisitos necessários, a complexidade dos processos de
candidaturas ou a enorme falta de divulgação e informação simples, correta e
eficaz, terão contribuído para o seu insucesso. Mas a culpa não fica apenas por
aqui. A distração, a falta de estratégia e a descapitalização que muitas
empresas apresentam, aliadas à fraca cultura empresarial ou de visão a longo
prazo, terão contribuído para a indiferença do setor perante esta oportunidade.
A fraca competitividade que os transportes ainda apresentam,
poderá ter como razão os fatores que levam o tecido empresarial deste setor a
não aderir às oportunidades que lhe são colocadas. Habituados a sustentar o negócio
apenas na quantidade de quilómetros realizados, no número de movimentos de
mercadorias efetuados ou apenas na gestão de uma qualquer concessão ganha,
descuram, de forma militante, a criação de valor acrescentado nos serviços que
prestam, por forma a conquistarem mais competências e com isso maior capacidade
de concorrer e conquistar outros mercados.
Competitividade, criação de valor e novos mercados são as
palavras de ordem que hoje definem o caminho do sucesso e do crescimento.
“Todos estão rodeados de
oportunidades. Mas estas apenas existem quando são vistas. E apenas serão
vistas se as procurarmos.”
Edward Bono
Por José Monteiro Limão
Editorial TR 141
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