O
aumento das taxas aeroportuárias em Lisboa, que será de quatro por cento já em
junho e deverão sofrer um novo agravamento ainda não quantificado em janeiro do
próximo ano, poderá levar a uma perda no tráfego de passageiros, alertou o
diretor geral da easyJet Portugal e Espanha, Javier Gandara. O responsável
apontou como exemplo o aumento «brutal» das taxas aeroportuárias nos aeroportos
espanhóis de Madrid e Barcelona no ano passado, que teve como consequência uma quebra
de quatro milhões de passageiros no aeroporto da capital espanhola. «Em toda a
operação da easyJet, as taxas em Madrid e Barcelona passaram a ser as mais
elevadas, a seguir a Amesterdão», explica.
O
contrato de concessão da ANA – Aeroportos de Portugal prevê uma diminuição nas
taxas aeroportuárias no aeroporto do Funchal e um aumento no de Lisboa. «As
taxas aeroportuárias representam cerca de 30 por cento dos custos de operação
pelo que qualquer aumento põe em causa a sua rendibilidade», referiu Javier
Gandara, adiantando que qualquer gestor de infraestruturas aeroportuárias «tem
de ser sensível às preocupações dos operadores». O responsável da easyJet criticou
igualmente a existência de um único operador de ‘handling’ no aeroporto de
Faro, enquanto nos de Lisboa e do Porto, as opções de escolha são reduzidas.
«Um dos operadores é detido pelo nosso principal concorrente no negócio de
tráfego aéreo», afirma.
As
declarações de Javier Gandara foram efetuadas durante um encontro com a
comunicação social para apresentação dos resultados do primeiro ano de operação
da base em Lisboa da easyJet. O diretor geral da companhia para Portugal e
Espanha afirmou que foram transportados mais de quatro milhões de passageiros
no nosso País, entre os quais cerca de 400 mil no segmento de negócio. O número
de aviões passou de dois para quatro, enquanto os colaboradores contratados
localmente aumentaram de 70 para 130. Desde a inauguração da base em Lisboa
foram criadas sete novas rotas, incluindo Bilbau e Valência, enquanto a rota de
Amesterdão passou a operar seis dias por semana em vez de quatro. A rota de
Veneza foi otimizada para oferecer aos clientes portugueses «mais oportunidades
para fazerem ‘city breaks’ na cidade dos canais».
O
segmento de negócio tem sido uma das apostas da easyJet, tendo registado um
aumento de 12 por cento no último ano, para 400 mil passageiros em Portugal. A
companhia introduziu novidades na oferta, passando a disponibilizar a opção de
seleção de lugares, sistemas de reservas para agências de viagens e acordos com
vários clientes empresariais. Em colaboração com a ANA, a easyJet introduziu o ‘Green
Way’ no mês de maio que oferece ao passageiro a prioridade no controlo de
segurança. O novo serviço é disponibilizado em associação com as tarifas Flexi,
que possibilitam alterações ilimitadas de data e hora dos voos até duas horas
antes da partida. Os passageiros com tarifa Flexi também têm o direito a
selecionar o lugar preferencial e a embarcar antes dos outros passageiros. Em
Portugal, o ‘Green Way’ está disponível em Lisboa, Porto e Faro.
Relativamente
à operação no Terminal 2 do aeroporto de Lisboa, o diretor geral da easyJet
Portugal e Espanha afirmou estar bastante «satisfeito» com as condições existentes,
uma vez que permitem «fazer a rotação em apenas 30 minutos» e acrescentou que a
companhia gostaria que as «chegadas também fossem no Terminal 2». Javier
Gandara salientou que as condições no Terminal 2 não são as mesmas do Terminal
1, pelo que deveria de haver uma diferença no valor das taxas aeroportuárias.
A
easyJet gostaria ainda de voar para os Açores, não só do Continente mas também
de outros pontos da Europa, mas as negociações com o Governo Regional dos Açores
ainda não foram conclusivas. Javier Gandara deu como exemplo a ligação para a
Madeira, onde se verificou uma diminuição média das tarifas de aproximadamente
30 por cento entre 2008 e 2013 devido ao aparecimento de um novo operador,
sendo que a tarifa da easyJet é 30 por cento mais baixa do que a do principal
concorrente direto. Por Carlos Moura
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