Após as Finanças terem
anunciado a relocalização de verbas concedidas ao abrigo de um financiamento
para o anterior projeto de alta velocidade, a tutela dos Transportes demorou
três dias a esclarecer as suas pretensões, promovendo assim a confusão e o
ruído, que há décadas acompanham este projeto.
O projeto do TGV, tal
como estava concebido “morreu e é uma decisão irreversível”, sendo que o que se
pretende agora é “uma ligação ferroviária de mercadorias que ligue os portos do
sul – Lisboa, Setúbal e Sines – a Madrid”, esclareceu a tutela.
A decisão, sendo
assertiva e indo ao encontro das necessidades da Economia do País, necessita de
mais esclarecimentos.
Se é certo que a grande
maioria das mercadorias nacionais, e as que chegam aos portos, têm como destino
o espaço ibérico e sabendo que, neste espaço, a rede ferroviária, os terminais
e linhas portuárias são em bitola ibérica, questiona-se qual o tipo de linha
mais adequado para atingir os objetivos pretendidos.
É que a fazer fé no
comunicado emitido em fevereiro, pelo ministério da Economia, “continua o objetivo de investir numa rede de caminho-de-ferro, em bitola
europeia, para transporte de mercadorias do porto de Sines para o resto da
Europa, aproveitando o pacote de fundos comunitários que garante uma elevada
taxa de comparticipação". Se assim é, pergunta-se qual a necessidade de
uma linha de bitola europeia?
Certamente o Governo terá as suas razões, mas, tendo-as, fica
obrigado a apresentá-las e a justificá-las, suportando-se numa visão global e
integrada sobre papel do transporte ferroviário de mercadorias, na cadeia de
valor do transporte e na economia nacional.
Tomar decisões, baseadas em critérios financeiros e de imediato
bom senso, desconhecendo o modelo económico que se pretende atingir, é tomar o
risco de continuarmos sem rei, numa terra onde a cegueira financeira impõe a
decisão.
Talvez, também por isso, o futuro da CP Carga continue hoje sem
solução à vista e com pouco interesse pelos investidores.
O País tem há muito a necessidade de ter um ambiente económico competitivo
no transporte ferroviário, primordial para captar o interesse de investidores, fundamental
para conquistar mais quota de mercado e necessário para alavancar a economia e
as exportações.
"Conhecer o país onde se
fará a guerra
é a base de toda a
estratégia."
Frederico II
Por José Monteiro Limão
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