As recentes notícias sobre a ruptura financeira em algumas empresas públicas de transportes e a descida do rating da generalidade das empresas do sector empresarial do estado, colocou, na boca do mundo, o que há muito era expectável, previsível e já referido pelo Tribunal de Contas. As empresas públicas de transportes estão falidas!
Os 17.980 milhões de Euros de dívida acumulada, os 2.477 milhões de Euros de necessidades de financiamento para 2010 e a falta de qualquer medida de fundo para estancar esta sangria imparável, levaram à recusa do sector financeiro, nacional e internacional, em financiar o que quer que fosse.
O País e os cidadãos despertaram, assustados, para mais uma dívida que, afinal, terão de ser eles a pagar.
Era bom de ver que este era um fim há muito anunciado por muitos, mas sempre recusado por quem nos alegremente governou.
A incúria, o desgoverno e a contínua falta de vontade ou incapacidade para encontrar caminhos e estratégias para estas entidades, marcaram as últimas décadas de uma (des)governação louca. Presos em fantasmas ideológicos, tolhidos em cortar com modelos empresariais obsoletos e evidenciando uma cegueira militante ao não adaptar o sector às novas realidades e ao interesse do País, os vários governos falharam consciente e propositadamente, garantindo assim que o inevitável acontecesse!
Os recursos financeiros que, durante décadas, foram injectados nestas entidades de nada serviram para resolver os problemas de fundo, mas antes para acrescentar mais lenha numa fogueira que há muito arde sem produzir qualquer calor.
Agora, que já não há dinheiro e que vêm aí os credores dizer o que temos de fazer (já que fomos incapazes de o fazer sozinhos), talvez não seja má ideia puxarmos da nossa curta memória e relembrar o exemplo da Rodoviária Nacional que, enquanto empresa pública era um sorvedor de recursos públicos, e após a privatização, as várias empresas privadas que a ela lhe sucederam, conseguiram gerar lucros, garantiram postos de trabalho, aumentaram os serviços e a qualidade destes.
Como me disse um recente presidente de uma empresa pública do sector, o maior e mais grave problema que a empresa tinha era que todos os meses havia dinheiro para pagar salários!
Agora que não há dinheiro, talvez tenhamos chegado ao fim da linha. Assim seja! Por José Monteiro Limão
Sem comentários:
Enviar um comentário