No momento em que escrevo estas linhas, mais de metade o espaço aéreo europeu encontra-se encerrado em virtude da nuvem de cinzas criada por um vulcão na Islândia.
"A Europa do sul - incluindo Portugal, Espanha, partes de Itália e de França, a região dos Balcãs, a Bulgária, a Grécia e a Turquia bem como partes da Europa do norte (Noruega e partes da Suécia) estão actualmente abertas ao tráfego civil", refere um comunicado da Eurocontrol.
Por toda a Europa e por todo o mundo centenas de milhares de passageiros ficaram em terra a braços com a impossibilidade de se deslocar com todos os problemas e impactos daí decorrentes.
As companhias aéreas declararam já que os prejuízos causados pela nuvem de cinzas são muito superiores aos criados pelo famigerado 11 de Setembro, colocando estas em causa a decisão do encerramento do espaço aéreo e começando já a clamar por indemnizações aos Estados face ao prejuízo criado.
Por cá e em entrevista a uma rádio nacional, o presidente de uma associação de transportadores afirmava ser natural que os operadores de transportes pudessem ser mais requisitados a transportar as mercadorias que estão paradas nos aeroportos desde há 5 dias, avisando que o sector poderá não ter capacidade de resposta se esta procura se confirmar.
Confesso que fiquei espantado com o proferido. Primeiro porque não acredito que os nossos operadores não consigam tirar partido desta oportunidade. Mal ou bem esta pode ser uma janela de oportunidade, pontual é certo, para equilibrar a redução da actividade face à prolongada crise económica. Em segundo lugar porque uma boa e significativa parte das frotas de todos os operadores, grandes e pequenos, encontram-se paradas à espera de carga.
Veio-me à memória as recentes declarações dos representantes dos operadores a propósito dos constantes aumentos dos preços dos combustíveis em que afirmavam que a quebra na procura, aliada aos elevados preços do gasóleo, estava a criar um verdadeiro vulcão...
Todos sabemos que o sector vive talvez a sua maior crise de sempre, mas convenhamos que os sinais vindos de quem os representa são contraditórios e sobretudo denotam desnorte ao não apontar caminhos alternativos, claros e precisos que auxiliem os operadores a controlar outros custos que não os do gasóleo.
Temas como a formação na condução económica e defensiva, desmaterialização dos processos administrativos, gestão profissionalizada são, entre outros, factores que entram na construção do preço do serviço de transporte e onde muito provavelmente muito ainda há a fazer na sua redução.
Estes temas deveriam ser pilares centrais da preocupação na acção diária de quem representa o sector, não apenas nas palavras proferidas aos sete ventos, mas nas acções e programas a colocar à disposição do sector.
Pedir milagres a quem não tem condições objectivas de os praticar é o caminho que resta quando a estratégia é fraca ou inexistente.
Diz o nosso povo na sua sabedoria popular que “a gente conta o milagre, mas não diz o nome do santo”! Por José Monteiro Limão
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