A Volvo Trucks prossegue o seu programa de testes com biocombustíveis. O desenvolvimento mais recente consiste em testes em condições de operação real com 14 camiões do modelo FH que utilizam Bio-DME (Di-Methyl-Ether) como combustível. O projecto, que passa pela cedência dos veículos a clientes seleccionados em quatro locais distintos da Suécia entre 2010 e 2012, conta com os apoios da União Europeia, da Agência de Energia da Suécia, de companhias petrolíferas e da indústria dos transportes. O objectivo consiste na investigação do potencial para um investimento em larga escala no DME produzido a partir de biomassa, um biocombustível de segunda geração conhecido como Bio-DME.
A Volvo Trucks apresentou sete camiões de demonstração em Agosto de 2007, que utilizavam combustíveis alternativos, sendo que um deles era precisamente o Bio-DME. A iniciativa demonstrou que o construtor sueco dispõe de soluções técnicas que permitem a utilização de combustíveis renováveis em eficientes motores diesel.
O primeiro teste de campo vai decorrer na Suécia. A partir de instalações junto a uma fábrica de celulose, o projecto irá produzir diariamente cerca de quatro toneladas de Bio-DME. A matéria-prima utilizada é um licor escuro, um produto viscoso de elevada energia proveniente da indústria da celulose. Através da gaseificação da biomassa no licor escuro obtém-se um combustível limpo e eficiente do ponto de vista energético.
Em comparação com um motor convencional, o Bio-DME é um combustível que pode ser utilizado num motor diesel, oferecendo o mesmo elevado grau de eficiência mas um nível de ruído mais baixo. Em comparação com o gasóleo, as emissões de dióxido de carbono e de óxido de azoto de Bio-DME são inferiores em 95 por cento.
O programa de testes vai ter início em 2010 e compreende toda a cadeia tecnológica desde a biomassa até ao combustível nos camiões, isto é, inclui a distribuição e as estações de abastecimento. A companhia petrolífera Preem irá construir as estações de abastecimento para que os camiões possam ser utilizados em operações regulares locais e regionais. Outras empresas participantes no projecto são a Chemrec, a Delphi, ETC, Haldor Topsoe e Total.
As inspecções e avaliações do combustível, da tecnologia do camião das percepções dos clientes e do sistema de distribuição irão fornecer as respostas para saber se o Bio-DME poderá ser um dos combustíveis que podem contribuir parcialmente para a diminuição da dependência do petróleo.
Teoricamente, a produção de biocombustíveis a partir biomassa oriunda da indústria florestal poderia interessante para Portugal. Além de contribuir para atenuar a dependência externa face às importações de petróleo apresenta a vantagem de aproveitar os desperdícios da indústria celulose e também permitiria aproveitar o material oriundo da limpeza das florestas, que todos os anos é consumido pelas chamas nos incêndios de Verão. O único problema deste biocombustível é não ser um derivado da refinação do crude, que afinal é o “core business” de uma empresa com muita influência junto do Ministério das Economia (e da Autoridade da Concorrência). Trata-se da mesma empresa que também foi encarregada pelo poder político de ser responsável pela distribuição dos combustíveis e do gás natural. Por Carlos Moura
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