A
mudança é sempre algo que mexe connosco.
Muito
ou pouco, alterar ou modificar rotinas, hábitos ou formas de exercermos a nossa
atividade é coisa que que nos coloca sempre numa situação de fragilidade. Se nos
recordarmos, a última mudança que aconteceu na nossa vida, particular ou
coletiva, exigiu de nós esforços adicionais por forma a lidarmos com os novos
enquadramentos e as novas exigências, impostas pela mudança, mas, sobretudo,
pela insegurança que esta nos causou, pois deixámos de controlar todo o
processo.
Passamos
muito do nosso tempo a tecer considerações sobre aquilo que deveria ser mudado
e alterado de modo a facilitar a nossa vida ou a atividade que exercemos. Mas, quando
a mudança acontece, lá estamos nós, de pé e na primeira linha, a criticar o modo,
a forma, o alcance... da mudança que preconizávamos ontem como necessária e
imprescindível. Estamos reféns de uma cultura que acredita que as ameaças vêm
das mudanças.
Se é
certo que algumas mudanças nem sempre se revelam como boas, muitas outras confirmam
o valor da mudança. Recordo as mudanças
nas maternidades, da rede escolar ou dos tribunais... Afinal, o que muitos
vaticinavam como descalabro, rotura e caos, veio a revelar mais segurança, mais
eficiência e a mesma eficácia... sempre com mais sustentabilidade. Os
nascimentos continuaram a acontecer, o ensino continuou a ser ministrado e os
julgamentos continuaram a acontecer por esse país fora... Como diz a letra da
música, “Afinal, havia outra!”. Havia outra forma de fazer as coisas!
Durante
anos, ouvi o setor dos transportes reclamar mudanças: na organização, nas
regras, na transparência e equidade dos processos, etc, etc, etc...
Nem
sempre os Governos souberam aproveitar a disponibilidade para a mudança,
mostrando-se incapazes ou indiferentes na promoção de diálogos e consensos.
Outras vezes houve em que a prioridade, de uns e de outros, não foi
coincidente, ficando as mudanças necessárias reféns de outros interesses...
A Portaria
nº241-A/2013 e a criação de duas novas entidades reguladoras vêm introduzir profundas
alterações, visando clarificar as
obrigações de serviço público, conferir maior transparência à atribuição das
receitas geradas, mas também dotar de mais autoridade quem já tinha essa
terminologia na sua designação, mas nunca teve competência efetiva para a
exercer.
É
certo que esta alteração foi “arrancada a ferros” (curiosamente pela
persistência de um único operador privado), mas a Tutela esteve bem em
clarificar as novas regras de um jogo há muito viciado.
Ficamos,
agora, expetantes em ver a real capacidade e competência dos “suppliers” da
mobilidade para conquistar mais passageiros, através das ferramentas que hoje
estão ao alcance de todos. Diria que a bola, agora,mudou de campo.
Uma
palavra ainda para a criação das duas novas entidades de regulação, muito
reclamadas por todos, mas que só agora veem a luz do dia. Terão a importante
missão de juíz e auditor de um mercado que se quer livre e concorrencial e que
agora começa a dar os primeiros passos.
Sou
daqueles que acredita que as mudanças não comportam ameaças. Bem pelo
contrário, promovem oportunidades! Por José Monteiro Limão
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