quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A oportunidade das mudanças

A mudança é sempre algo que mexe connosco.
Muito ou pouco, alterar ou modificar rotinas, hábitos ou formas de exercermos a nossa atividade é coisa que que nos coloca sempre numa situação de fragilidade. Se nos recordarmos, a última mudança que aconteceu na nossa vida, particular ou coletiva, exigiu de nós esforços adicionais por forma a lidarmos com os novos enquadramentos e as novas exigências, impostas pela mudança, mas, sobretudo, pela insegurança que esta nos causou, pois deixámos de controlar todo o processo.

Passamos muito do nosso tempo a tecer considerações sobre aquilo que deveria ser mudado e alterado de modo a facilitar a nossa vida ou a atividade que exercemos. Mas, quando a mudança acontece, lá estamos nós, de pé e na primeira linha, a criticar o modo, a forma, o alcance... da mudança que preconizávamos ontem como necessária e imprescindível. Estamos reféns de uma cultura que acredita que as ameaças vêm das mudanças.

Se é certo que algumas mudanças nem sempre se revelam como boas, muitas outras confirmam o valor da mudança. Recordo as mudanças nas maternidades, da rede escolar ou dos tribunais... Afinal, o que muitos vaticinavam como descalabro, rotura e caos, veio a revelar mais segurança, mais eficiência e a mesma eficácia... sempre com mais sustentabilidade. Os nascimentos continuaram a acontecer, o ensino continuou a ser ministrado e os julgamentos continuaram a acontecer por esse país fora... Como diz a letra da música, “Afinal, havia outra!”. Havia outra forma de fazer as coisas!

Durante anos, ouvi o setor dos transportes reclamar mudanças: na organização, nas regras, na transparência e equidade dos processos, etc, etc, etc...
Nem sempre os Governos souberam aproveitar a disponibilidade para a mudança, mostrando-se incapazes ou indiferentes na promoção de diálogos e consensos. Outras vezes houve em que a prioridade, de uns e de outros, não foi coincidente, ficando as mudanças necessárias reféns de outros interesses...
A Portaria nº241-A/2013 e a criação de duas novas entidades reguladoras vêm introduzir profundas alterações, visando clarificar  as obrigações de serviço público, conferir maior transparência à atribuição das receitas geradas, mas também dotar de mais autoridade quem já tinha essa terminologia na sua designação, mas nunca teve competência efetiva para a exercer.
É certo que esta alteração foi “arrancada a ferros” (curiosamente pela persistência de um único operador privado), mas a Tutela esteve bem em clarificar as novas regras de um jogo há muito viciado.
Ficamos, agora, expetantes em ver a real capacidade e competência dos “suppliers” da mobilidade para conquistar mais passageiros, através das ferramentas que hoje estão ao alcance de todos. Diria que a bola, agora,mudou de campo.

Uma palavra ainda para a criação das duas novas entidades de regulação, muito reclamadas por todos, mas que só agora veem a luz do dia. Terão a importante missão de juíz e auditor de um mercado que se quer livre e concorrencial e que agora começa a dar os primeiros passos.


Sou daqueles que acredita que as mudanças não comportam ameaças. Bem pelo contrário, promovem oportunidades! Por José Monteiro Limão 

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