A
eletrificação do ramal do porto de Aveiro, a construção de concordância entre
as linhas do Norte e da Beira Alta, a eliminação de constrangimento naquela
última linha, novas ligações ferroviárias Sines – Grândola Norte e Évora – Caia,
a construção de um terminal ferroviário de mercadorias no Grande Porto são
alguns dos investimentos em infraestruturas fundamentais para o País que devem
ser objeto de compromissos plurianuais de investimento. Estas são as principais
propostas de orientação legislativa para o setor dos transportes e logística ao
serviço da economia que foram apresentadas na Conferência Programa Empresas
Parlamento dedicado a Transportes & Logística, que se realizou no dia 26 de
junho em Lisboa.
«Tentamos
não apresentar propostas desligadas da capacidade das infraestruturas já
existentes. Não propusemos projetos novas nem novas infraestruturas. Com base
naquilo que existe analisamos o que poderá ser feito para potenciar e aumentar
as capacidades através de medidas legislativas concretas ou alterações
legislativas pontuais», afirma a deputada Carina Oliveira, que foi uma das
responsáveis pela apresentação das propostas de orientação legislativa.
«Escolhemos quatro áreas – compromissos plurianuais de investimentos em
infraestruturas, regulação, impactos fiscais e a simplificação processual»,
referiu em declarações à Transportes em Revista. «Há umas medidas de aplicação
mais imediata aquilo que é o processo de alteração legislativo. Cingimo-nos ao
máximo às matérias relacionadas com o Ministério da Economia e da Secretaria de
Estado dos Transportes».
O
Programa Empresas Parlamento resulta uma iniciativa conjunta do Fórum de
Administradores de Empresas e da Assembleia da República e tem como objetivo
aproximar as empresas e o Parlamento no sentido de aperfeiçoar o processo de
aperfeiçoar o processo legislativo, em especial na identificação de áreas
críticas para a melhoria das condições económicas em setores chave para a
economia nacional. Neste âmbito, um deputado e um gestor/empresário,
trabalhando em grupo, são convidados a apresentar uma proposta legislativa
concreta, para um setor/tema transversal concreto, identificando impactos
positivos que poderão resultar da sua aprovação. Na área dos ‘Transportes &
Logística’, a proposta foi elaborada pela deputada Carina Oliveira e pela
anterior presidente da Administração do Porto de Sines, Lídia Sequeira.
A
proposta de alteração legislativa procurou identificar compromissos plurianuais
de infraestruturas em infraestruturas que permitam sustentar o sistema de
transportes, de o tornar multimodal, inteligente e competitivo. A proposta
identificou prioridades nos investimentos que permitam articular as redes já
existentes, aproveitando sinergias e articulando as redes rodoviárias e
ferroviárias entre si às plataformas logísticas e aos portos e aeroportos.
Outra vertente consistiu na identificação de ligações estruturantes e a sua
integração na Rede Transeuropeia de Transportes, dando uma atenção especial ao
Plano Ferroviário Nacional. Para o funcionamento em rede e otimização da
capacidade instalada foram consideradas fundamentais a execução de
infraestruturas como a eletrificação do ramal do porto de Aveiro, a construção
de concordância entre as linhas do Norte e da Beira Alta, a eliminação de constrangimento
naquela última linha, novas ligações ferroviárias Sines – Grândola Norte e
Évora – Caia, a construção de um terminal ferroviário de mercadorias no Grande
Porto.
Na
área da regulação, a proposta defende o reforço do poder regulador para
garantir a melhoria da prestação do serviço público, assim como a existência de
um regulador para o setor dos transportes nas áreas rodoviária, ferroviária e
portuária, que seja independente, interventivo e com poder sancionatório.
Em
matéria fiscal, o Parlamento deverá recomendar que seja feita a análise que
incidem sobre a atividade do setor eliminando a sua duplicação e promovendo a
sua redução. Um projeto-lei que altere a legislação aplicável à tripulação
obrigatória no que respeita a barcaças e embarcações costeiras, incluindo o
transporte fluvial costeiro. Na área rodoviária está prevista uma recomendação
do Parlamento para a introdução de um novo sistema de cobrança de portagens que
inclua a redução das portagens aplicáveis aos veículos pesados de mercadorias,
introduzindo o conceito de descontos de quantidade – que já está previsto nos
contratos com as subconcessionárias das autoestradas convencionais e pontes com
portagem embora não seja aplicado (exceto pela Lusoponte nas pontes 25 de abril
e Vasco da Gama) – e a adoção de sistemas ‘free-flow’ nas vias
transfronteiriças.
O
documento elaborado por Carina Oliveira e Lídia Sequeira defende igualmente
alterações legislativas para aumentar o controlo e diminuir a carga
administrativa, nomeadamente a integração com os sistemas de informação da
autoridade marítima para concentrar nas autoridades portuárias o contacto único
administrativo com os clientes. A proposta prevê ainda a integração dos
sistemas de informação com o SEF nos portos e aeroportos, a simplificação
processual dos trânsitos ferroviários nacionais e a adoção de indicadores
operacionais vantajosos para o negócio – tratamento da totalidade da informação
em suporte eletrónico, redução em 60 por cento da carga administrativa manual,
autorização para levantamento da carga com 24 horas de antecedência, aumento da
utilização da intermodalidade por via da apresentação dos portos junto aos
clientes finais do ‘hinterland’.
Fora
do âmbito da proposta ficou a questão laboral devido à sua complexidade e por
envolver uma multiplicidade de ministérios. «Iríamos entrar com propostas que
até poderiam causar algum alarido social», explica Carina Oliveira. «São
matérias que se discutem com os parceiros sociais, com a Segurança Social, com
as Finanças, a Economia. Tentamos não abrir uma ‘caixa de Pandora’ daquilo que
poderia ser alguma má interpretação das propostas globais que poderíamos ter,
sabendo nós que a primeira coisa que nos diziam nas empresas que visitámos era
precisamente a questão laboral», acrescenta a deputada. Por Carlos Moura
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