Recentemente, o Governo
apresentou o projeto do novo terminal de contentores da Trafaria, que tem como
objetivos a requalificação do ordenamento do porto da capital, a promoção da
concorrência entre agentes e a captação de trafego internacional marítimo que
passa por águas geridas por Portugal.
O investimento, estimado
em cerca de 600 milhões de euros, será assegurado, na sua maioria, por
entidades privadas, através de um concurso que será lançado até final do ano. Por
outro lado, o projeto prevê o escoamento das mercadorias tratadas neste
terminal pelo modo ferroviário.
A presença, na sessão de
apresentação deste projeto, de três ministros e outros tantos secretários de Estado,
conferiu ao projeto a circunstância devida a este investimento, que o Governo
acredita trazer enorme valor para a cidade, região e País.
Em tempo de vacas
magras, tanta fartura fez despoletar aquilo que temos em demasia - a crítica e
a desconfiança de uns e a falta de informação e clareza de outros.
Utilizando o termo da
moda, a “narrativa” apresentada fez levantar os arautos da clarividência.
Se os primeiros
argumentos apresentados foram a necessidade do fecho da golada e da arriba
fóssil, logo o argumentário alargou-se à localização do terminal e ao seu
desenho, aos impactos ambientais, às alterações provocadas nas cadeias
logísticas instaladas e à insustentabilidade económica do investimento e
operação ferroviária.
Muitas destas dúvidas
são pertinentes e têm razão de ser; de facto, a informação disponibilizada é demasiado
curta para aferir a viabilidade da opção.
Por outro lado, a
ausência de qualquer informação adicional, mesmo à posteriori por parte do promotor sobre o tipo de mercadorias,
fluxos e destinos, além da falta de explicação sobre o modelo de terminal a
implementar, suas valências, os investimentos assegurados pelo Estado (entre
outras), contribuíram de forma notória para o crescendo das críticas, o
cimentar da desconfiança e o descrédito da opção.
Os tempos que vivemos
aconselham a que qualquer Governo, explique, informe e clarifique as escolhas,
promovendo assim não apenas as opções mas também o envolvimento de todos os
agentes sob pena de deixar correr o pensamento que, afinal, foi a agenda
política que determinou a apresentação de algo que não passa de uma grande
ilusão.
"O grande perigo que
corremos, iludindo os outros,
é que acabamos por nos iludir"
Por José Monteiro Limão
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