A
ligação ferroviária ao futuro terminal de contentores da Trafaria tem um
investimento previsto de 150 milhões de euros, revelou o presidente do conselho
de administração da Refer, Rui Loureiro, em entrevista à Transportes em
Revista. «A Refer assegurará a construção da ferrovia», afirmou, adiantando que
se tratará de uma linha eletrificada em bitola ibérica, preparada para bitola
europeia, pois terá travessas de dupla fixação (bibitola), para permitir a
instalação de um terceiro carril quando tal for necessário. «Os primeiros
estudos de impacto ambiental estão a ser feitos. Havia um ou dois traçados
possíveis, mas um deles teria um impacto ambiental demasiado elevado sobre as
arribas, além de ser pouco estável, pelo que ficámos apenas com a outra
alternativa. O trajeto está fixado, estando a realizar-se o estudo de impacto
ambiental». No que se refere à ligação à rede ferroviária principal,
designadamente ao Eixo Norte – Sul, a Refer está a estudar duas hipóteses.
Relativamente
à viabilidade comercial e económica desta ligação ferroviária, o presidente da
Refer argumenta que fará sentido se toda a movimentação de contentores for
feita na Margem Sul, apesar do aumento da distância a percorrer, que obriga o
comboio a ir ao Setil para depois voltar para Lisboa. «Temos de perceber onde é
feita a desconsolidação dos contentores. Se for feita no porto de Lisboa, na
Margem Norte, então naturalmente que esse transporte não fará qualquer
sentido», salienta Rui Loureiro. «Neste momento a desconsolidação dos
contentores de Alcântara é feita na Bobadela. Curiosamente, chegam mais
depressa se vieram
da Margem Sul do que da Margem Norte: Alcântara tem imensos
problemas de acesso a uma linha de cintura que está muito carregada. Mesmo que
seja mais longe a Margem Sul, o transporte está mais facilitado porque os
comboios têm enormes dificuldades para sair de Alcântara».
Em
termos de política comercial, o presidente da Refer afirma que a empresa irá
propor à tutela uma solução em que a diferença de preço entre um trajeto mais
curto e um mais longo para o mesmo contrato de transporte seja suportado pelo
gestor da infraestrutura ferroviária. O objetivo é o operador não pagar mais
quilómetros. «Se houver um contrato de transporte com um operador em que a
linha mais curta seja, por exemplo, de 300 quilómetros e a Refer tiver uma
solução com 350 quilómetros, os 50 quilómetros adicionais serão suportados pela
Refer e não pelo operador», esclarece o responsável, salientando que o custo
por quilómetro (taxa de uso) na linha de cintura é mais elevado do que numa
outra ligação vinda da Margem Sul. Por Carlos Moura
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