quarta-feira, 9 de maio de 2012

As nossas (in)capacidades


Recentemente José Manuel Viegas, Professor do Instituto Superior Técnico e consultor em transportes, foi eleito para o lugar de secretário-geral do ITF – International Transport Fórum, organização internacional que faz parte da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, que todos os anos reúne os Ministros dos Transportes de 53 países.
Está de parabéns o ilustre Professor que, pelo seu conhecimento, competência e reconhecimento internacional, recolheu a maioria dos votos necessários para assumir tão importante cargo. Mas também Portugal e o Governo estão de parabéns. O primeiro porque vê reforçado o seu prestígio internacional neste setor e, o segundo porque, através do seu imprescindível apoio e expresso empenho, conseguiu angariar vontades e reunir parceiros por forma a garantir esta eleição.
Noutro contexto e com outra expressão, outro português, José Pires da Fonseca, articulista residente da Transportes em Revista, na edição de Carga & Mercadorias, está nomeado para os prémios “Talentos da Mobilidade”, na categoria de “Melhor Gestor”, sendo o único português, nesta edição, a estar entre os finalistas para os prémios atribuídos no contexto do Salão “Transports Publics 2012”, que se realiza entre os dias 5 e 7 de junho, em Paris.
Estes dois factos são, sem dúvida, excelentes indicadores do reconhecimento internacional das capacidades e conhecimentos que o País detém, mas que, por cá, teimamos em desvalorizar, não capitalizando o conhecimento e o saber existente. Pior: insistimos em não tirar proveito do saber acumulado que muitos dos nossos quadros asseguram.
Se, por um lado, existe reconhecimento internacional das nossas capacidades, por outro, e paradoxalmente, o setor dos transportes vive, em Portugal, o seu período mais negro e sombrio, fruto de uma sucessão de políticas e decisões errantes ao longo das últimas duas décadas, reforçado, na atualidade, pela incerteza e falta de clarificação sobre o futuro próximo.
A mais-valia que temos em conhecimento e “know how” contrasta fortemente com a incapacidade politica de traçar estratégias concertadas, com a inabilidade de saber ouvir e envolver, e, com o enorme desprezo em esclarecer e clarificar.
Ao desaprendermos de ouvir, deixámos de saber falar e, sobretudo, de decidir bem.
 Por José Monteiro Limão

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