Mesmo em tempos de grande constrangimento, o setor dos transportes tem surpreendido pela dinâmica que demonstra. Impulsionados pela boa prestação do setor exportador, mas também pelas anunciadas reestruturações que a tutela pretende levar a cabo, os agentes empresariais têm demonstrado a sua capacidade de reação face às oportunidades existentes e futuras.
Recentemente, algumas notícias têm evidenciado que o setor está atento, expetante e em preparação para um futuro que se deseja melhor, mais competitivo, mas que se quer próximo. Através de aquisições, da criação de novos serviços regulares ou até na conquista de novos mercados internacionais, o setor privado procura novas formas de expansão, ganhando dimensão por forma a poder aumentar o seu portfolio de serviços e por aí crescer.
No entanto, julgo ser importante destacar a criação da ligação semanal, por ferrovia, entre Portugal e a Alemanha, operada pela CP Carga, Renfe Mercancias e Deutsche Bahn. Segundo o promotor, este serviço é já um sucesso, pois a procura ultrapassa já a capacidade instalada, tendo como destino a Alemanha, sendo a taxa de ocupação de 60 por cento no regresso a Lisboa.
Este novo serviço coloca em evidencia duas coisas: a primeira é que é possível, como sempre foi, a ligação ferroviária com o espaço europeu. Para tal, basta existir concertação e alinhamento de interesses... mas também vontade, de todas as partes envolvidas, em encontrar soluções que assegurem ao mercado fiabilidade e regularidade. A segunda é que, neste serviço, as exportações superam as importações, o que, noutros tempos, bem próximos, era facto suficiente para uma profusa e potente campanha de comunicação, sobre o bom desempenho da economia do País. Sendo ambas as coisas importantes e significativas, devemos refletir ainda sobre este exemplo de como a dinâmica da economia real não espera por decisões políticas ou novas estratégias de desenvolvimento económico. A economia real não espera, nem perde tempo! Bem antes pelo contrário. A economia real sabe bem que o tempo rende, quando é bem aproveitado. Este facto, por si só, deveria fazer pensar as lideranças das nossas empresas, das nossas organizações e até dos Governos, pois o tempo pode ser determinante, não apenas para a implementação de novas orientações, mas, sobretudo, para a criação de fatores que alavanquem e criem condições para o crescimento económico. Por José Monteiro Limão
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