sexta-feira, 29 de abril de 2011

A espera de uns e o inconformismo de outros

Fruto de décadas marcadas por decisões errantes, sem qualquer visão estratégica e atados por uma persistente falta de cultura de transparência e lucidez nas decisões, eis que nos encontramos no topo de uma lista de espera para uma intervenção exterior que pretende colocar-nos no caminho da saúde financeira.

Com angústia e apreensão, o País aguarda, expectante, os remédios e soluções apontadas por quem nos tem assegurado o crédito e a quem devemos apenas 160 mil milhões de euros.

Tal como na saúde, quando não a temos, ficamos tolhidos na criatividade, paralisados nas acções e resignados pela situação, aguardando, receosos, pela receita ou intervenção que o médico nos venha a indicar. Este parece ser o estado geral da Nação e a postura de um País que aparenta não encontrar força e capacidade anímica para lutar pela preservação da força moral e psicológica. Tal como na falta de saúde, o factor moral e psicológico não depende apenas da receita prescrita nem da intervenção médica sugerida. Depende, isso sim, da pré-disposição para procurar soluções e condições vantajosas no sentido de tirar o melhor partido das condições adversas em que vivemos.

Se é certo que uma parte do País vive de braço dado com a fatalidade e que acolhe com resignação o nosso “Fado”, muitos há que pela sua irreverência, espírito lutador e guerreiro tentam, por si, desbravar novos caminhos e novas oportunidades que proporcionem alternativas para obterem crescimento e sucesso na sua actividade.

Os recentes dados do desempenho da exportação nacional, o crescimento da actividade marítimo-portuária e a iniciativa de inúmeras empresas e agentes, que têm vindo a apostar no reposicionamento estratégico da sua actividade, na reestruturação e adaptação das suas organizações e na aposta na criação de valor acrescido nos serviços prestados, são bem o exemplo de outra forma de enfrentar as contrariedades.

É possível, mesmo doentes, encarar as contrariedades como oportunidades de mudança.

É possível, mesmo em lista de espera, desafiar culturas instaladas, procurando novas formas de organização e novos processos de produção.

É possível, mesmo à porta da intervenção, fazer frente às limitações do mercado, inovando na criação de valor, alargando portfólios e procurando novos mercados.

A sujeição paciente e fatalista perante as contrariedades pode ser um caminho… Mas, ser um lutador inconformado, apesar de ser um caminho mais árduo e difícil, é, certamente, mais compensador e entusiasmante! Por José Monteiro Limão

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