Quem de nós não ouviu já esta expressão? O nosso passado, próximo ou longínquo, directo ou indirecto, vivido nas aldeias ou vilas deste País, faz-nos recordar e associar o toque a rebate do sino como um sinal de alerta às populações para qualquer ameaça colectiva ou até para a chamada de reunião de toda a população no sentido de anunciar um assunto de importância para a comunidade.
A recente apresentação do Orçamento de Estado (OE), encarado já como um PEC 3 reforçado, é um verdadeiro tocar de sino a rebate para a gravidade da situação em que nos encontramos.
Mais valia que assim não fosse e esse é, com certeza, o desejo de toda a comunidade. No entanto, só não viu este desfecho quem não leu os sinais da realidade e quem acreditou em milagres impossíveis e ilusões de fraco estilo.
O facto é que o sino tocou! E tocou de forma anarca, casuística e sem qualquer ritmo ou cadência, como se tivesse sido um surdo a comandar o badalo.
Com promessas de redução de despesa na área social, anúncios casuais de extinção de serviços e entidades, sem coerência e onde a ausência de qualquer estratégia subjacente é evidente, o Governo apenas se limitou a “arrebanhar” a pouca capacidade económica dos contribuintes mais fracos, sem tomar medidas de fundo que alterassem de vez o contributo negativo que muitos dos sectores e entidades do Estado têm conferido à divida pública nacional.
Reforçando o carácter de desnorte, de fuga para a frente e a sua característica de surdez patológica, neste OE, o Governo aposta em aniquilar a pouca competitividade dos agentes económicos, retirando assim a margem de progressão e de crescimento que se fazia já notar.
O sector dos transportes, que muito tem feito e pode ainda fazer em prol do País, sai penalizado pela ausência de medidas que promovam a competitividade e desenvolvimento da sua actividade e do seu desempenho económico. Mesmo com uma Tutela de cariz e formação económica, o inacreditável acontece.
Este tocar de sino a rebate reúne de facto a comunidade, mas teme-se que esta em vez de unir e reforçar esforços na recuperação do País, conteste e se revolte perante a evidente falta de ideias para colocar o País numa rota de recuperação económica e de saída para o desenvolvimento.
Acredito nas vantagens e mais-valias de um Estado forte e atento, mas, hoje, todos temos a certeza de que o nosso Estado é obeso, surdo e que ainda se dá ao desplante de se limitar a tocar o sino da igreja da paróquia, alheando-se da sua responsabilidade no desbaratar de oportunidades.
Não é este o Estado que queremos, merecemos e podemos ter.
Por José Monteiro Limão
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