Portugal encontra-se rodeado de mar!
Para quem julga que o Mar é a nossa fronteira natural apenas na costa ocidental do País, se reflectir um pouco, e não precisa de muito, verificará que outro Mar existe no lado oriental e que este, com se de um “tsunami” se tratasse, está a inundar e a submergir o território continental que vai encontrando à sua frente, num avanço imparável e sem retorno visível.
Poderá parecer estranho o recurso a esta imagem, mas, de facto, o impacto da crise económica e financeira que pelo mundo impera, com particular ênfase na velha Europa, colocou em evidência as incapacidades, a ausência de estratégias e de políticas nacionais que nos protegessem de uma inundação, colocando o País perante a realidade de não ter quaisquer meios e equipamentos para nos manter “à tona de água”.
Numa frágil economia mundial, e perante um modelo económico e social europeu que apresenta claros sinais de fim de linha, o temporal vislumbra-se no nosso horizonte.
Neste mar de problemas, incertezas e prováveis tempestades, previstas por muitos e apenas recentemente reconhecidas por outros – curiosamente os que nos têm governado nas últimas décadas –, vemo-nos a braços sem qualquer equipamento de salvação de socorros a náufragos, o que não augura nada de bom.
De facto, o mundo não mudou apenas “nos últimos quinze dias”! Tal e qual nas tempestades marítimas, as indicações dadas pelas previsões meteorológicas colocaram em evidência sinais claros de uma tempestade anunciada.
Mas se a oriente do nosso território o mar está bravo, revolto e cheio de marés vivas, a ocidente o mar contrasta pela sua calma e tranquilidade. Apresentando características de “mar chão”, neste mar, a oportunidade e a esperança imperam na imensidão de riquezas e recursos que contém e sempre conteve, mas que sempre desprezámos com a indiferença paroquial que muitas vezes nos caracteriza.
A recente apresentação pública da Associação Fórum Empresarial da Economia do Mar, resultante do estudo “Hypercluster da Economia do Mar”, coordenado pelo antigo ministro da economia Ernâni Lopes, pode ser o início de um outro olhar para este mar de oportunidades e de esperança. Mas sobretudo pode dar ao País um outro azimute que indique um novo Norte estratégico que nos traga meios e equipamentos não apenas para os socorros a náufragos, mas que nos equipe com verdadeiros instrumentos de criação de riqueza sustentável e duradoura.
Portugal cresceu sempre que abraçou este mar. Fizemo-lo em tempos… podemos fazê-lo agora!
Por José Monteiro Limão
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