Locomotivas CP 4700 entram em operação

Após um verdadeiro jogo de pinguepongue entre o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) e a Refer, a CP Carga viu finalmente serem homologadas as suas novas locomotivas CP 4700, fornecidas pela Siemens. A Refer, enquanto gestora da rede ferroviária, alegava que não tem a incumbência de homologar comboios, limitando-se a verificar a sua compatabilidade com a infra-estrutura, cabendo essa tarefa. O IMTT, por fim e na sequência de alguma polémica, lá se resolveu a validar os testes pelos seus técnicos e homologou o material de tracção. As 25 novas locomotivas representaram um investimento de 100 milhões de euros (no ferroviário é tudo aos milhões!), suportado em 30 por cento pelo contribuinte (a CP diz que são capitais próprios, mas, como a empresa é deficitária, é o mesmo de sempre a pagar a diferença) e os restantes 70 por cento com recurso a empréstimos já negociados, dos quais 25 por cento comparticipados pelo Banco Europeu de Investimentos. Mais uma vez é o contribuinte a suportar os encargos financeiros (leiam-se) juros da operação. As novas locomotivas destinam-se à CP Carga e vêm substituir as obsoletas locomotivas da série 2500 adquiridas na década de 50. As locomotivas da série 4700 são as primeiras da CP equipadas com freio de disco e com um sistema de tracção com conversores electrónicos a IGBT’s (Insulated Gate Bipolar Transistor). Estas unidades dispõem ainda de freio electropneumático que, segundo a CP, podem rebocar comboios de mercadorias até mil toneladas, inclusivamente na Linha da Beira Alta, que tem o perfil mais difícil. A entrada ao serviço das locomotivas CP 4700 veio permitir libertar as locomotivas diesel da série 2500 para os troços da rede não electrificada, permitindo aumentar a capacidade de oferta da CP Carga, que se vê cada vez mais pressionada pela concorrência exercida pelo operador privado, a Takargo.
Por Carlos Moura