terça-feira, 3 de março de 2009

Metrobus de Istambul é um caso de sucesso


O projecto Metrobus de Istambul ganhou um prémio internacional na cerimónia de entrega dos Troféus de Transporte Sustentável, que se realizou em Washington D.C., nos Estados Unidos. Este prémio é atribuído a projectos que contribuam para a redução das emissões de gases com efeito de estufa e melhorem a qualidade de vida nas áreas centrais das grandes cidades. O júri sublinhou o papel pioneiro desempenhado por Istambul face a outras de dimensão comparável com o seu conceito de BRT (transporte rodoviário de passageiros em via dedicada), que entrou ao serviço em 2007. Originalmente, o Metrobus de Istambul ligava o subúrbio de Avcliar, que se localiza no noroeste de Istambul, a Topaki, no centro da metrópole turca. Em 2008, a operação foi alargada a uma outra localidade, Zincirlikuyu, dada a elevada aceitação deste serviço. A extensão total passou de 17 quilómetros para 29 quilómetros. A velocidade comercial dos autocarros é de aproximadamente 40 quilómetros e o tempo de viagem para os passageiros foi encurtado de 90 para 40 minutos. O Metrobus transporta diariamente mais de 530.000 passageiros. A operação é assegurada por autocarros com uma capacidade para 193 passageiros, Mercedes-Benz CapaCity, que apresentam um consumo aos cem quilómetros por passageiro entre 0,3 e 0,4 litros.
As linhas de transporte rodoviário em via dedicada – Busway ou BRT (Bus Rapid Transit) têm a vantagem de implicar um custo de investimento inferior em infra-estrutura do que outros sistemas como o metro ligeiro de superfície ou o metropolitano convencional, constituindo uma solução económica para resolver os problemas de mobilidade urbana. Curitiba é o caso paradigmático neste domínio, com a sua rede integrada de transportes que inclui vias dedicadas para autocarros bi-articulados que param em estações especiais denominadas estações tubo, com acesso para pessoas de mobilidade reduzida. Utilizado por 85 por cento da população de Curitiba, serviu de inspiração à criação de sistemas semelhantes em Bogotá (Colômbia), Santiago do Chile, Los Angeles (Estados Unidos), Cidade da Guatemala, Cidade do México, Estocolmo, Gotemburgo (Suécia). Quanto a Portugal, o baixo custo de investimento em infra-estrutura constitui o principal entrave à implementação de um sistema de transporte rodoviário em via dedicada. Houve uma tentativa de criação de uma “Busway” na região de Lisboa, entre o Senhor Roubado e o Campo Grande, uma solução que foi preterida em favor de uma extensão da linha do Metropolitano de Lisboa no mesmo percurso, cujo investimento foi largamente superior. A procura de passageiros é que não correspondeu ao montante gasto, uma vez que fora das horas de ponta, apenas metade das composições da Linha Amarela faz o percurso completo entre o Rato e Odivelas. As outras ficam pelo Campo Grande.
Por Carlos Moura

1 comentário:

  1. Em Portugal dificilmente se andou a pensar nas receitas nos últimos 20 anos, senão veja-se:
    São Centros de Saúde feitos que agora se fecham, Escolas que vão pelo mesmo caminho, Estádios de Futebol que já se fala em demolir, e claro redes de transportes feitos sem o minimo de critério intermodal, e como se não bastasse em vez de andarem em corredores separados, concorrem-se num clima de destruição e estou mesmo a falar do caso da CARRIS e do ML.
    Os "troleys" ou "Busway" são decerto uma alternativa bem mais barata que os metros pesados ou ligeiros; arranjem-se os corredores que os custos das infraestruturas são óbviamente menores e a população será servida com maior comodidade, rapidez e segurança, além de que melhora a qualidade de vida de todos nós, porque se trata de uma energia não poluente.
    Agora haja decisores e Governo que pensem em servir e não em servirem-se ou servirem interesses, porque foi por este último motivo que chegámos ao estado em que nos encontramos.

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